sábado, 9 de novembro de 2013

O RIO COMANDA A VIDA - LEANDRO TOCANTINS






Leandro Tocantins 



nasceu num sobrado do Largo da Sé, bairro da Cidade Velha, em Belém do Pará. Aos nove meses de idade mudou-se para o Acre, Vale do Juruá, onde seus pais se estabeleceram no Rio Tarauacá para administrar seringais, herança da liquidação da Casa Aviadora Barbosa & Tocantins, na praça de Belém, afetada pela crise econômica da borracha. A obra de Leandro Tocantins gira em torno de dois pólos de influência: Pará (Belém e Ilha de Marajó) e Acre. É autor de dois livros já clássicos: O Rio Comanda a Vida (uma interpretação da Amazônia), escrito aos 21 anos, no qual faz um estudo da importância e influência dos rios na vida dos povos da floresta amazônica e Formação Histórica do Acre. Trata-se de uma verdadeira enciclopédia de leitura obrigatória para todos aqueles que pretendem conhecer a história do Estado. Leandro escreveu Formação Histórica do Acre a partir de estórias a ele contadas por cearenses, paraibanos, pernambucanos, baianos e sergipanos que vieram conquistar o Acre.

Regressando a Belém, pré-adolescente, cursa o Colégio Suíço-Brasileiro e o Colégio Nazaré (dos Irmãos Maristas). A adolescência passada em sua cidade natal marca-lhe profundamente a personalidade literária na novela existencial Adolescência: A Vigília dos Olhos.

Forma-se em Direito pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro e em Comunicação Social na mesma cidade. Retorna a Belém como assessor do professor Artur César Ferreira Reis na Comissão de Valorização da Amazônia, da antiga SPVEA (Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia), hoje SUDAM.

Escreveu Santa Maria de Belém do Grão-Pará, guia histórico e sentimental da cidade e Grão-Pará, álbum ilustrado a bico de pena por Tom Maia. É autor do texto do álbum de fotografias de José Paula Machado: Marajó.

Exerceu cargos de assessor do ministro da Justiça, de representante do governo do Amazonas no Rio de Janeiro (governo Arthur César Ferreira Reis), assessor do Conselho Federal de Cultura, diretor da Embrafilme e diretor da Embratur.

Em Lisboa, desempenhou cargo de adido cultural na Embaixada do Brasil. Já aposentado, foi assistente jurídico do Ministério da Cultura. Possui editados mais de dezoito títulos, todos de temática amazônica, ensaio e poesia.

Foi casado com Léa Tocantins e teve duas filhas e dois netos. Em 2012, sua família doou parte do acervo pessoal do historiador com milhares de documentos, fotografias e obras de arte para a Biblioteca da Floresta, localizada no Estado do Acre.

Escreveu inúmeros livros dedicados à Amazônia, entre os quais Santa Maria de Belém do Grão Pará, que é um guia histórico e sentimental da cidade de Belém e muitos livros de poesia.

Fonte: Wikipedia

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EDIÇÕES DO LIVRO: O Rio comanda a vida

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O rio comanda a vida: panoramas da Amazônia. 1. ed. Editora  A Noite. 1952. 229 p

Sinopse: "Veias do sangue da planície, caminho natural dos descobridores, farnel do pobre e do rico, determinantes das temperaturas e dos fenômenos atmosféricos, amados, odiados, louvados, amaldiçoados, os rios são a fonte perene do progresso, pois sem eles o vale se estiolaria no vazio inexpressivo dos desertos. Esses oásis fabulosos tornaram possíveis a conquista da terra, e asseguram a presença humana, embelezam a paisagem, fazem girar a civilização - comandam a vida no anfiteatro amazônico.

"O Rio Comanda a Vida não é uma obra que fala apenas da Amazônia. Mais do que trazer as próprias impressões do autor, este é um livro que utiliza modernas técnicas de pesquisa e exposição em matéria de geografia humana e sociologia regional. Capa de Percy Lau".

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O rio comanda a vida: uma interpretação da Amazônia. 2 ed.  Ed. Civilização Brasileira.
1961. 252 p


O rio comanda a vida: uma interpretação da Amazônia
3. ed. Ed. Biblioteca do Exército. 1973. 358 p


O rio comanda a vida: uma interpretação da Amazônia
4. ed. Ed. Americana. 1972. 358 p.


Sinopse: Livro muito importante sobre o Amazonas, haja visto as suas várias edições, inclusive em Portugal. O autor retrata a vida da população amazonense, as necessidades da região, a maneira de valorizá-la e ao homem, as suas potencialidades e seu futuro. Fez parte da equipe de Arthur Cesar Ferreira Reis na Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia, posteriormente SUDAM. O autor conhece, portanto a região e seu livro é hoje ainda mais atual. Sua leitura é fundamental para se conhecer os problemas da região de ontem e de hoje. 



O rio comanda a vida: uma interpretação da Amazônia. 8. ed. Ed. Record. 1988. 284 p. ISBN 8510325812



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O rio comanda a vida: uma interpretação da Amazônia
9. ed. Ed. Valer. 2000. 424 p. ISBN: 8586512672


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O Rio Comanda a Vida, de Leandro Tocantins

Publicado: 06/06/2013 - Fonte: http://www.passeiweb.com/estudos/livros/o_rio_comanda_a_vida

Lançado em 1952, O rio comanda a vida é obra do regionalista e escritor Leandro Tocantins. É considerada até hoje um clássico entre os trabalhos sobre a região amazônica, e oferece subsídios sobre a paisagem amazônica da várzea, o modo de vida, os costumes e as características do homem amazônico.

A obra, como o próprio título revela, trata da importância do regime das águas dos rios amazônicos sobre o modo de vida dos povos da floresta. Leandro Tocantins sintetiza o domínio das águas sobre os modos de vida na Amazônia em sua obra quando afirma:

O rio, sempre o rio, unido ao homem, em associação quase mística, o que pode comportar a transposição da máxima de Heródoto para os condados amazônicos, onde a vida chega a ser, até certo ponto, uma dádiva do rio, e a água uma espécie de fiador dos destinos humanos. Veias do sangue da planície, caminho natural dos descobridores, farnel do pobre e do rico, determinante das temperaturas e dos fenômenos atmosféricos, amados, odiados, louvados, amaldiçoados, os rios são a fonte perene do progresso, pois sem ele o vale se estiolaria no vazio inexpressivo dos desertos. Esses oásis fabulosos tornaram possível a conquista da terra e asseguraram a presença humana, embelezaram a paisagem, fazem girar a civilização - comandam a vida no anfiteatro amazônico. (2001, p.278)

Os 28 capítulos que compõem a obra podem ser lidos aleatoriariamente, sem prejuízos de compreensão para o leitor, uma vez que cada um deles possui temáticas diferentes e independentes, embora, seja necessário ressaltar que o livro forma um todo coerente, sob o prisma de dois ângulos: o do seu substrato sociológico e histórico, e o da sua projeção para o futuro. O primeiro capítulo denomina-se “A água doce que entra no mar” e trata basicamente dos descobridores do caudaloso e imponente Rio Amazonas. E finaliza o livro o texto “O rio comanda a vida” que aborda a dinâmica dos rios na vida dos povos amazônicos. Em edições posteriores à primeira, o autor achou por bem incluir alguns apensos, isto é, conferências por ele pronunciadas.

Nesta obra, o autor não trata diretamente apenas das comunidades rurais e ribeirinhas de Manaus, mas da Amazônia como um todo, como já citado. Ele argumenta que as figuras de folclore regional dos povos são erigidas a partir de personagens da floresta e dos rios; que aspectos da arquitetura amazônica são espaços reificados para devoções e folguedos; que a contingência geográfica modela a consciência extrativista dos pescadores e que, historicamente, a devastação causada pela retirada da borracha no início do século XX criou um mundo de desigualdades operantes na Amazônia, sendo a industrialização é uma perspectiva possível para o desenvolvimento.

Leandr Tocantins verifica situações em que o homem se vê, de certo modo, condicionado a entender a realidade à sua volta formando crenças a partir do meio ambiente que o cerca, de acordo com ressalva de André Vidal de Araújo, contribuinte da temática na mesma corrente do paraense autor de O rio comanda a vida, Araújo destaca que quando se tenciona compreender o homem a partir de sua afinidade com o meio ambiente natural, tem-se uma perspectiva mais apurada sobre o cotidiano.

Tocantins destaca a retratação da Amazônia por parte dos moradores da região como sendo, primordialmente, uma descrição da natureza social, que está imbricada na alma das relações entre sujeitos.

O livro pretendeu ser, na época em que foi escrito, uma evocação e um testemunho de alguém que conheceu tradições, lendas, viu panoramas, observou fatos sociais. E como ressalta o próprio autor, no primeiro momento, a obra nasceu a partir de “impressões pessoais, pesquisas históricas e geopolíticas, trajetórias humanas, idéias e fatos, a que procurei dar forma e vibração, sem me afastar do real, da verdade, no intuito de fazer conhecida honestamente a Amazônia e chamar a atenção dos poderes governamentais para os problemas do vale e as necessidades de seu povo”. Nesse sentido, o livro nasceu de um sentimento brasileiro de integração da Amazônia no processo social e econômico do país.

Nas palavras do escritor, a unidade do livro se justifica na ideia de que a natureza absorve e prende o homem em suas malhas, apesar do lento e continuado esforço para humanizá-la. Daí o rio – uma das mais poderosas forças do meio – dominar a vida, que ainda é, nesta época de revolução técnica, marcada profundamente pelos fatores geográficos.

O que O Rio Comanda a Vida pretendeu foi interpretar algumas partes integrantes da área cultural luso-cristã, área que se distingue no extremo norte pela marca da exploração humana ditada pelo extrativismo e profundamente influída, no seu processo sócio-econômico, pela água e pela floresta. Interpreta alguns aspectos regionais, apresentando um conjunto de sugestões para a caracterização da vida amazônica.

Muitos dos anseios projetados pelo autor em seu livro, hoje, são uma realidade. Sua obra abriu novas perspectivas para Amazônia ao chamar a atenção para a importância da integração amazônica conciliando desenvolvimento e preservação, numa conquista ampliada pelo desenvolvimento social e econômico da região, alertando as autoridades para a cobiça internacional pelo qual vinha sofrendo a Amazônia e colocando-a não só na pauta nacional, mas em discussão a nível internacional.

A viagem sentimental que está fortemente presente ao longo de todo o livro, fica claramente assinalada pelo fato de que O Rio Comanda a Vida é dedicado ao pai do autor, e por extensão, às experiências vividas no mundo da família. O pai foi para ele uma espécie modelo de homem empreendedor da região e muito do que está nessas páginas, o leitor perceberá sem muito esforço, envolve essas experiências do universo familiar.

O Rio Comanda a Vida une a virtude literária de expressão clara e atraente ao honesto saber histórico, à acuidade na interpretação sociológica. O autor de Casa Grande e Senzala não diria essas palavras ao acaso. Portanto, ressoa mais como convite do que como testemunho, pois penetrar em estudos profundos e sérios acerca da Amazônia é semelhante a penetrar em sua própria selva.

Créditos: Allan Soljenítsin Barreto Rodrigues, professor do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Amazonas (UFAM)

Publ 09/11/2013, 10/04/2020

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